Após bater recordes em 2020 e 2021, tanto no plantio quanto na exportação da soja, e ultrapassar os Estados Unidos como o maior produtor e exportador do mundo, a nova safra parece desapontar e regredir nos cálculos feitos para os próximos meses.
Ao que parece, a temporada 2021/22, cujas previsões iniciais davam conta de 142 milhões de toneladas (Conab) e 144 milhões (USDA) – incrementos de 3,6% e 5,1% frente a 2020/21, respectivamente – vai se juntar aos anos em que a quebra de safra prevaleceu. O mercado da soja inicia o ano de 2022 com todas as atenções voltadas para os problemas climáticos que atingem a nova safra da América do Sul.
Após um plantio em ritmo recorde no Brasil e primeiros meses positivos para o desenvolvimento das lavouras em todo o país, o mês de dezembro de 2021 começou a trazer problemas importantes para parte das lavouras brasileiras. A incidência do fenômeno La Niña traz pouca umidade para a Região Sul e excesso de umidade para a faixa central e metade norte do país, confirmando seus efeitos clássicos.
Por conta dessa realidade de pouquíssima chuva nas lavouras, as principais consultorias do setor já rebaixam as estimativas de produção da soja. A AgRural, por exemplo, concluiu levantamento nesta semana e reduziu os números finais da safra em 11,3 milhões de toneladas.
Assim, projeta que o Brasil colherá 133,4 milhões de toneladas, quebra de 12 milhões de toneladas em relação à produção potencial de 145,4 milhões divulgada no início de novembro. Em 2020/21, 137,3 milhões de toneladas foram produzidas no país. Esses números são baseados em área plantada de 40,6 milhões de hectares e em produtividade média de 54,8 sacas por hectare na temporada 2021/22, a mais baixa desde 2015/16.
Infelizmente, os ganhos da região Norte não vão compensar as perdas da região Sul. Conforme o analista de Safras & Mercado, Luiz Fernando Gutierrez Roque, o ano de 2022 deverá ser de grandes desafios para os produtores brasileiros, principalmente devido aos prováveis problemas produtivos.
Entretanto, ele afirma que o cenário atual aponta para preços elevados ao longo do ano, podendo atingir novos recordes, o que deverá ser favorável para a manutenção ou melhora das margens de rentabilidade.
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