Depois que a Rússia, segundo maior exportador de cloreto de potássio e de nitrogenados do mundo, além de terceiro maior exportador de adubos fosfatados, invadiu a vizinha Ucrânia, passou também a sofrer sanções internacionais de todos os tipos.
A agricultura brasileira, que importa em média 85% do adubo que consome, se viu, de uma hora para outra, exposta a uma enorme ameaça. Mas e aí? Vai faltar adubo? Como lidar com esse risco? No texto de hoje, vamos falar sobre o assunto.
A resposta para a primeira pergunta, segundo Manoel Pereira de Queiroz é Superintendente de Agronegócio do Banco Alfa, membro do Conselho Superior do Agronegócio da FIESP e conselheiro da ADEALQ, é que é possível, até mesmo provável, que não haja adubo para todos. Além disso, é possível que quem não comprou fique sem e que quem já adquiriu e ainda não recebeu, não receba na totalidade.
Sabendo disso, o presidente Jair Bolsonaro alertou, no começo do mês, para o risco de falta de fertilizantes por causa da guerra entre Ucrânia e Rússia e voltou a defender que seja liberada a mineração em terras indígenas. Em postagem nas redes sociais, ele disse que a segurança alimentar e o agronegócio exigem a adoção de medidas que reduzam a dependência de importações.
Ainda, de acordo com Manoel Pereira de Queiroz, todos os atores da cadeia do agronegócio, sejam eles grandes indústrias de fertilizantes, revendas, cooperativas ou agricultores passaram a ter que encarar de frente um enorme problema.
É claro que o governo, as associações setoriais, as federações e os sindicatos patronais, além da própria Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO, sigla em inglês), estão acompanhando o caso de perto e planejando ações para solucioná-lo. Porém, devemos chamar a atenção para o que cada empresa ou agricultor pode fazer individualmente para mitigar o seu próprio risco.
Um administrador responsável não pode ficar somente na mão de soluções institucionais. Crises desta proporção exigem planos de ação bem estruturados, acompanhamento da sua execução e, não menos importante, comunicação com total transparência.
Os planos de ação podem ser, por exemplo, quotas de comercialização por cliente, no caso de empresas de suprimentos; ou planejamento agronômico emergencial, no caso de produtores, que levem à uma diminuição de dosagem com o menor impacto econômico possível, uso de variedades menos exigentes ou até mesmo a diminuição da área de plantio.
Os profissionais do nosso agro são muito bons nisso, uma vez que eles reconheçam o problema, não terão dificuldades nesse ponto. Por outro lado, a comunicação e a transparência são igualmente importantes e nem sempre são das melhores.
Os bancos e investidores já estão monitorando esses riscos desde os primeiros sinais. Nessas situações, o capital se retrai, a oferta de crédito diminui, os custos dos empréstimos aumentam, assim como a exigência de garantias.
Para esses agentes, tão importante como fazer um plano de ação crível e colocá-lo em prática, monitorando cada fase, é mostrar que ele existe, que tem começo, meio e fim e que será efetivo para aliviar os efeitos da crise sobre o seu negócio.
Por isso, é importante não subestimar o risco da falta de fertilizantes e montar, urgentemente, um plano de ação e comunicá-lo ao mercado com a maior transparência possível, mantendo uma linha de comunicação aberta durante toda a sua execução.
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