
De acordo com a Embrapa, o agronegócio brasileiro tem crescido a taxas elevadas, suprindo o mercado nacional e contribuindo decisivamente para as exportações, com destaque para a soja e carnes. A história recente mostra que o dinamismo do setor está no mercado internacional, visto que a demanda doméstica é limitada.
O leite é um dos produtos que não teve inserção adequada neste mercado, ficando seu potencial limitado ao consumo dos brasileiros. Assim, crescimentos acentuados na oferta implicaram fortes quedas de preços. Ao contrário da pecuária de corte, a leiteira não tem a mesma liquidez, é altamente perecível e a venda se concretiza por métodos pré-capitalistas, onde se entrega a mercadoria sem saber o preço que o comprador pagará no futuro.
Esse movimento implica em uma tendência que pode ser preocupante: abandono da atividade por médios e pequenos produtores independentes não associados e nem cooperativados; sobrevida, onde pequenos produtores agregados em associações ou cooperativas, apoiados por programas governamentais na comercialização, e que usam tecnologias adequadas; expansão tumultuada por grandes produtores capazes de ajustar o sistema de alimentação com custos baixos, embora com incertezas sobre receita líquida e sobrevivência dificultosa com os “tiradores” de leite que atuam no mercado informal.
Paralelo a isso, a modernização na agropecuária aconteceu e continuará inexoravelmente ao redor do mundo, assim como nos demais segmentos da economia. Na China, por exemplo, há laticínios com capacidade para 300 mil litros por dia. Para mudar a realidade é preciso implementar medidas que reestruturem o sistema produtivo, indo além das ações paliativas de oferta de crédito bancário e prorrogação de dívidas, que é o que acontece no momento.
No entanto, tais medidas precisam ser adotadas com urgência para reduzir o abandono de dezenas de milhares de produtores de leite nos próximos anos. Algumas empresas já estão tomando medidas, mesmo que ambientais, para melhorar a atuação da pecuária leiteira no Brasil. É o caso da Nestlé, que em parceria com a Embrapa, vai focar no desenvolvimento das primeiras fazendas de pecuária leiteira com emissão líquida zero de carbono no Brasil.
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